sexta-feira, 6 de julho de 2012

Dublagem de filmes: discussão antiga

Coisa incrível: em 1965 o Brasil discuti sobre a obrigatoriedade da dublagem de filmes a serem apresentados em salas de cinema. Àqueles que eram a favor alegavam que, dublados, os filmes teriam uma melhor compreensão da população e, ao mesmo tempo, criariam novos campos de trabalho para os artistas nacionais; o que é verdade.

Àqueles contra a dublagem, alegavam que os filmes dublados teriam prejuízos sociais e culturais, já que a língua e os sotaques são alguns dos componentes fundadores de uma película. Isso também é verdade.

Não sei bem até onde foi esse quiprocó, mas fico feliz que não tenha vencido a lei da obrigatoriedade da dublagem. Hoje no Brasil os principais filmes blockbuster são lançados em salas de cinema tanto dublados quanto legendados, agradando a todos os públicos. Eu, de minha parte, não gosto de filmes dublados, mas reconheço que há uma melhor absorção da estética do trabalho cinematográfico quando não há a necessidade de acompanhar legendas. Seja como for, quando morei na Espanha, país que lança filmes em cinema já dublados, fiquei horrorizado em ver filmes assim e espero que no Brasil siga havendo opções das duas maneiras de se ver filme, afinal, como dizem os próprios espanhóis: para gustos hay colores.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Importâncias da Telenovela para a Cultura Brasileira

A telenovela brasileira é mais um componente que nacionaliza a indústria cultural brasileira. Através dela, ídolos internacionais disputam lugar com personalidades nacionais, em que nossos artistas locais jogam de igual para igual na tietagem dos fãs. Melhor ainda, durante muitos anos os artistas nacionais venceram essa queda de braço, sendo alvo de disputas tanto das indústrias televisivas quanto do mercado publicitário. A telenovela ainda foi propulsora de uma produção nacional televisiva, deixando uma forte herança nos seriados e, ainda, no cinema brasileiro, que ao menos tem o suporte de um parque industrial de produção que beneficia as realizações audiovisuais. Seria justo afirmar que tais produções televisivas são no mínimo responsável por dar trabalho a uma imensa gama de artistas e produtores que, não fosse este gênero incorporado a nossa cultura nacional, estariam fadados a ter uma profissão ainda mais difícil em nossos desandados caminhos artísticos terceiromundistas. Ainda com a telenovela, nossa grade televisiva tem maior espaço ocupado com produções nacionais do que com aquelas vindas do estrangeiro. Se fizermos uma análise detida da programação diária de uma Rede Globo, por exemplo, veremos que quase todo o tempo dela é destinada a programação caseira, tendo produções “gringas” ocupando pouco mais que horários sem visibilidade, raramente na audiência mais nobre. Para além de tudo isto, certamente devemos ainda à telenovela a rápida inovação técnica e tecnológica na televisão, pois de outra maneira, é possível que nossos avanços neste setor fossem bem mais lentos por não ter um carro-chefe que guiassem as perspectivas tecnológicas de nossa TV.

Um pouco de Carlitos

Dizem por aí que apesar de toda a sensibilidade artística de Charles Chaplin, ele tinha um lado negro no que se referia a violência doméstica. Dizem por aí. Eu não sei, pois nunca li nada a respeito nem procurei ler. Fato é que agora estou lendo uma revista de 1965, na qual é citado um trecho da autobiografia de Charles Chaplin. Tal obra, o artista mais completo que o mundo já conheceu dedica à Oona, ou seja, Oona O’Neil, a mãe de oito dos seus dez filhos até então. Ali tem um trecho no qual ele fala da seguinte maneira sobre a sua esposa: “Na convivência com Oona não cesso de apreciar, através de novas revelações, a profundidade e a beleza de seu caráter. Até quando ela vai à minha frente, pelas calçadas estreitas de Vevey, com ar tão simples e digno, a sua harmoniosa figura erecta, os negros cabelos puxados para trás e mostrando alguns fios de neve, desaba sobre mim uma onda de amor e de admiração por tudo que ela é... e sinto um aperto na garganta. No gozo de tal felicidade, sento-me às vezes em nosso terraço, ao crepúsculo, e com o olhar a se estender a vasta pradaria verde, contemplo o lago e, além do lago as montanhas tranqüilizantes; então, sem nada a pensar, alheio a tudo, entrego-me a essa magnífica serenidade.” Mesmo com tanta serenidade, muitos dos que conviveram com Carlitos disseram que se tratava de uma personalidade tirânica, áspera, mesquinha, autoritária e despótica. Seja como for, quem sabe Oona desarrochou no artista um lado mais parecido com aquele de “Luzes da Ribalta”.