domingo, 20 de novembro de 2011

Sobre o filme "Sem Destino"


Um filme legal. Bem feito, bem filmado, com locações ótimas e paisagens fantásticas. Porém absurdamente americanóide. A analogia do motoqueiro como um vaqueiro moderno, portanto da moto enquanto um cavalo motorizado, é realizada a todo instante. Símbolos americanos como a própria bandeira dos EUA, são uma constante.

A moto representa aventura, desprendimento, independência. O período hippie está bem retratado, representando a juventude de uma certa época, com suas drogas e alucinações, algo não muito comum nos filmes estadunidenses. As comunidades alternativas também estão presentes, bem como um outro lado do povo norte-americano, ao invés de desconfiados e mortais, acolhedores e amigáveis.

Talvez o bacana desse filme consista, para mim, mais nesse "lado B" dos estadunidenses do que em toda a aventura em que o filme se passa. Os atores principais conseguem passar um ar realmente desencanados através dos personagens Billy e Wyatt, para as coisas que os cercam e a trilha sonora, como uma par de clássicos holywoodianos, é uma maravilha, a exceção, por mera questão de gosto, dos countries americanóides demais. Mulheres lindas e salve Peter Fonda.

Importante destacar a importância deste filme como a afirmação da moto enquanto um estilo de vida. Claro que o filme não cria tal estilo, mas ao representá-lo, o reafirma. Os diálogos são bem soltos e crus dentro do que holywood permite, e a paisagem passando na velocidade das motos enquanto uma canção rola é tocante. Também umas câmeras bem alternativas filmando "aleatoriamente" dão um tom lúdico (ou junkie) à estória.

Tem também um certo lado de crítica da cultura estadunidense. Serem presos por desfilarem sem autorização, os subornos policiais e a presença do racismo cultural deste povo, os americanos tacanhas e provincianos do interior. O final ultra anti-americano para a época é chocante. O americanóide mais porreta que tem.

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